Em agosto, o Mawaca entrou em estúdio para a gravação do seu quarto DVD, Inquilinos do Mundo.
O nomadismo é o tema deste novo trabalho, uma homenagem à diversidade estilística dos povos nômades, ciganos, refugiados e a todas as pessoas que, por algum motivo, vivem em constante movimento e carregam na memória músicas de lá e de cá.
As ‘tramas étnicas’ deste novo trabalho, como a diretora musical Magda Pucci costuma definir as conexões musicais feitas pelo Mawaca, traz um repertório de canções inéditas encontradas em rincões do planeta como o Rajastão, um dos possíveis locais de origem dos ciganos, representado pela música Pundela; a Macedônia e suas melodias emblemáticas como Na Khelav e Chaje Shukarije, imortalizado pela cantora Resma Redzepova; a Transilvânia e seu canto lautari conhecido como Dumbala; os Bálcãs e a esfuziante melodia sérvia Kaladiszko Kolo de Montenegro; e o México, representado pela clássica Arenita Azul.
Das pesquisas realizadas para o álbum saem descobertas curiosas como a origem da expressão olé que, diferente do que se imagina, foram os ciganos que a ensinaram aos espanhóis; a história do cajón, instrumento de origem peruana que foi utilizado posteriormente no flamenco por um percussionista brasileiro; e a interessante viagem que o canto Chad Gadya dos judeus do Leste Europeu fez pela Espanha sefardita antes de se transformar na cantiga flamenca Tango dos Chavicos.
Conhecido pela fusão de estilos que reúnem em uma mesma faixa sons do mundo e música brasileira, o Mawaca gravou também Siete modos de guisar las berenjenas, um gastronômico canto sefardita, e Min Berya, música do Curdistão mesclado ao tema de Mestre Verdelinho, Grande Poder.
Segundo Magda Pucci, diretora musical do MAWACA, esses entrelaçamentos culturais só são possíveis se experimentadas diretamente pelo fazer musical do dia-a-dia dos ensaios, quando a prática estimula perguntas que ‘tiram o pó’ da história e estabelecem possíveis conexões entre mundos musicais, inicialmente, tão diferentes.
É dali que se surgem os questionamentos que dão origem aos exclusivos trabalhos do MAWACA como ‘por que será que os pandeirões usados no Boi do Maranhão acompanham tão bem os cantos das beatas portuguesas ou o canto árabe?’; ‘por que o canto gutural das mulheres indígenas brasileiras se assemelha à sonoridade das camponesas búlgaras?’, ‘por que o ritmo do baião se dá tão bem com algumas talas indianas?’ .
Essas e outras perguntas são fios de histórias orais que o MAWACA costurou para o repertório deste próximo trabalho.
Gravado no estúdio NaCena e com previsão de lançamento para 2013, o show teve as participações especiais do cantor Marcelo Pretto, Thomas Howard e sua guitarra espanhola, e do músico e ator Sérgio Serrano.